Post
Boddhisattva

Há uma febre acometendo a humanidade. E não falo da H1N1, que particularmente creio ser tão verdadeira quanto São Jorge matando um dragão na lua! Estou falando da febre do 'fim dos tempos'. Este blog mesmo, é exatamente sobre isso. Não. Ele nasceu disso...


Olhe ao seu redor. Perceba quantas pessoas próximas a você creêm em um fim próximo. Conte quantas você conhece que acreditam que o mundo vai acabar. Agora olhe mais a fundo, pense bem antes de prosseguir. Quando focar bem seu pensamento em todos aqueles próximos a você, responda: quantos deles esperam que isso aconteça?

Sim, esta é a verdadeira febre que tem acometido a humanidade. A verdadeira "Influenza", se me permitem o trocadilho. Correntes teológicas 'novas' estão surgindo aos montes nessa era digital, nessa era onde informação é sinônimo de controle. E cada vez mais adeptos engrossam as fileiras de suas monumentais igrejas e templos. E todas elas pregam ser "verdadeiras", "libertadoras", "salvadoras", et cetera, et cetera, ad infinitum...

Por que tantas? Temos tantos nomes de Igrejas no Brasil quanto temos variedades de árvores na Amazônia (pena que as que estão ameaçadas de sumir são as últimas...)! E por que cada vez mais gente adere a esses senhores que falam mais o nome de seu "Adversário" do que do próprio "Salvador" em suas pregações? Por um motivo simples: todos nós, humanos modernos, acelerados, "plugados" e "antenados", sabemos que há algo de errado no mundo como está. E muito errado.

Todos nós sabemos que não conseguimos mais ouvir a música do mar, não sabemos mais o gosto da comida, não sentimos mais o cheiro das flores. Somos incapazes de sorrir com sinceridade para nosso patrão pela manhã de segunda-feira, de dar um abraço apertado no faxineiro, de ceder nosso lugar no ônibus ao mais velho no fim do dia. Sabemos que há algo errado. Alguns de nós sabem desde que nasceram, outros aprendem com o tempo. E esse conhecimento é o que leva as pessoas a essas fileiras de cultos onde celebra melhor quem grita mais. Nesses, a esperança está depositada em um "Salvador", que a mim mais parece um alienígena. Está 'fora da Terra', 'longe das iniquidades dos homens'. Mas... "Ele vem!", "Ele logo vem!".

E assim seguimos, esperançosos de que um dia venha um 'super-homem', com seus poderes sobrenaturais inexplicáveis, e corrija todos os problemas da humanidade. Que Ele livre a Terra da falsidade e da impureza. Que Ele julgue e condene os culpados à eterna danação. Que Ele... que Ele... Que ELE limpe a bagunça que NÓS fizemos.

Boddhisattvas entre nós

A expressão significa, em tradução literal do sânscrito, "ser (sattva) de sabedoria (boddhi)". Segundo a cultura hindu, Boddhisattvas são aqueles que, tendo alcançado o estado de Buddha, recusam o nirvana por compaixão para que reencarne e possa ajudar aos outros. Todas as culturas falam de um importante Boddhisattva a sua maneira: Jesus Cristo, Buddha, Kŕśna (ou Kríshna), Osíris... Todos eles fizeram o mesmo.

E o que faz um Boddhisattva? Abnegação é a palavra-lei aqui. Ele abnega a si mesmo em prol do outro. É um altruísta, sonhador, esperançoso, mas que age. Enquanto nós esperamos que algo aconteça, ele faz acontecer! Resumindo, claro. Para saber mais recomendo uma visita a esse link.

Para ilustrar, vou lhes dar a raiz desse post. O vídeo abaixo ilustra perfeitamente bem como é um Boddhisattva na vida real. O filme é Belga (relaxe, ninguém fala um "a" em outro idioma), produzido em 2009 por Christine Rabbete. O título original é "Mérci!", que significa "Obrigado!" em francês. Recomendo que assista antes de prosseguir com a leitura, e em alto e bom som. Ou vou estragar o vídeo... =D

O Vídeo, inspiração para este post...

Problemas para ver o Vídeo? Clique Aqui!

E no fim...

Ainda tenho água nos olhos enquanto escrevo. Sim, o filme me fez chorar... Choro de alegria, por saber que a humanidade ainda tem chance. E de tristeza, por saber que a chance está em nossas próprias mãos... Terminei de vê-lo e não podia parar de me perguntar: Por quê? Por que não temos mais pessoas assim a nossa volta? Por que não temos mais humanos dispostos a isso? Por que não temos mais gente rindo com ele? E principalmente, por que eu não sou como ele?

O que nos difere daquele senhor do vídeo é uma coisa bem simples, mas que é tão difícil de fazer que pode até mesmo enlouquecer os menos preparados. Escolha! Ele escolheu ser assim. Escolheu ser feliz, rir quando tem vontade, chorar quando pode e não ficar parado diante da indiferença. Mas principalmente, ele escolheu não fazer isso sozinho.

Temos uma escolha. Esperar que "Ele" volte, ou fazer por nós mesmos o que deve ser feito.

Fique em paz. E sorria!